quarta-feira, 29 de outubro de 2014

O Bruno, a motocicleta e o Atacama



     Desde que conheço o Bruno, ele é apaixonado por motos. Desde que estamos juntos, ele já teve várias motos, uma loja de motos e quando está sem moto, fica sonhando acordado, esperando o dia de subir em uma novamente. Nos últimos 2 anos, se contentou a participar os almoços do Moto Grupo sem motocicleta mesmo, pois as prioridades eram outras (boliche, casa própria...).

     Me aventurei na garupa da motocicleta uma única vez. O Bruno tinha uma moto esportiva, onde o caroneiro (no caso, eu) ficava com a bunda mais arrebitada que dançarina de funk. Fomos com o pessoa desse mesmo Moto Grupo. Tínhamos como destino Oberá, na Argentina, pra assistir uma prova do campeonato de MotoVelocidade. Logo na minha primeira experiência, ele fez 160 Km por hora, e eu sentada atrás, com a busanfa erguida, morrendo de medo. Nunca antes na vida senti frio nas minhas partes íntimas, até aquele dia. Só conseguia rezar, mesmo assim não me concentrei direito, pois tinha que coordenar minha cabeça, pra evitar que o vento arrancasse ela do pescoço. Chegando no local da prova, me deitei na grana, numa sombra e dormi profundamente, rodeada de capacetes e mochilas. Na volta, cochilava na garupa. Cheguei em casa "na capa da gaita", agradeci a experiência e avisei que nunca mais faria uma indiada daquelas novamente.

     Mês passado, fomos até Possadas com a turma do Moto Grupo. Nós e mais alguns casais de carro e algumas corajosas e parceiras dos maridos, nas garupas das motocicletas. Na viagem, fiquei sabendo que alguns integrantes partiriam rumo ao deserto de Atacama agora em outubro. Pensei comigo: "Mas que baita indiada... eles gostam de passar trabalho... só pode ser!!!".  Um dos integrantes, o Roque Moss, precisava o aval da mulher pra participar da viagem (como todos os outros, mas a mulher do Moss é "uma Turra braba"... assim como a que aqui vos escreve). Pois organizou-se uma comitiva a fim de explanar pra esposa do Roque, a importância da participação dele na expedição, num jantar na casa do casal em questão. Convencida, deu a "carta verde" ao marido, ele ficou contentíssimo. Contando essa história, alguém da turma disse:
- Daqui uns dias a janta é na casa do Bruninho! Huahuahua!!!

     Ri também, mas pensei que, certamente, ele não iria querer participar da viagem de coadjuvante, dirigindo um carro de apoio, já que estava sem motocicleta. Eis que, há três semanas, ele comprou uma moto. Dias depois, me disse que comprou um capacete pra mim. Pensei, pensei... e antes de recusar o convite, fiz uma proposta: vez ou outra eu ando na garupa da motocicleta (mas JAMAIS a 160 Km/h novamente) se ele praticar yoga comigo ás vezes também. Trato feito. Até terça passada, ele ficou envolvido em ajeitar a aquisição, quando, na hora do almoço, aflito, me perguntou se eu deixaria ele ir ao Atacama.

     Antes que a comitiva se reunisse e marcasse uma janta na nossa casa, com o propósito de me convencer da importância da participação dele na expedição, disse logo que sim, que ele poderia ir. A alegria e o brilho nos olhos dele durante os preparativos não tenho como descrever.  Comparando, parecia uma criança com um brinquedo novo, desejado por muito tempo. Hoje pela manhã, cedinho, se foi o Bruno e o restante do pessoal rumo ao Deserto de Atacama. 


     Vendo ele eufórico, arrumando os apetrechos, feliz da vida, fiquei feliz também. Mesmo achando um esporte caro e muito, muito perigoso, respeito e acima de tudo, admiro quem pratica e ama esse estilo de vida. Vou fazer o possível pra participar mais desse mundo de aventuras (já que a moto de agora tem um banco mais confortável...).

Desejo aos aventureiros uma ótima viagem.


MotoGrupo Farrapos da Estrada rumo á Expedição Atacama.
Boa viagem!





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